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01/09/2008

bocage, soneto 37

Oh retrato de morte, oh noute amiga, Por cuja escuridão suspiro há tanto! Calada testemunha de meu pranto, De meus desgostos secretária antiga! Pois manda Amor, que a ti somente os diga, Dá-lhes pio agasalho no teu manto; Ouve-os, como costumas, ouve, enquanto Dorme a cruel, que a delirar me obriga; E vós, oh cortezãos da escuridade, Phantasmas vagos, mochos piadores, Inimigos, como eu, da claridade, Em bandos acudi aos meus clamores; Quero a vossa medonha escuridade, Quero fartar meu coração de horrores.