Publicação em destaque
Átomos estéticos são também cognitivos
“Quando vemos algo além de nossas expectativas, pedaços locais de tecido cerebral geram pequenos ‘átomos’ de afeto positivo. A combinação ...
03/06/2023
02/06/2023
01/06/2023
30/05/2023
Uma longa tradição,
a rede instável no mar de areia,
a teia de peixes em nuvem na rede,
cozer o mar à luz e lavar
o saco dourado da lua
em espuma dinâmica e breve -
uma antiga tradição.
29/05/2023
El tacto de la luz -
Venimos de un fulgor y pretendemos
reconquistar su brillo en permanencia.
(Emilio Rodríguez, in: revista Papeles del Martes, nº 32, primavera de 2004, Salamanca, Espanha)
27/05/2023
Conversa miúda e água pródiga
no recurso múrmuro, persistente
(flauta suave na sombra escassa
de uma terra esquálida e melancólica)
resquiecat in pace, Margarida Morgado:
"dentro de mim há um sem palavra
impossível de nomear
nele desaguam os rios sem leito
onde bebem bichos errantes
pássaros perdidos do bando
na hora de emigrar"
impossível de nomear
nele desaguam os rios sem leito
onde bebem bichos errantes
pássaros perdidos do bando
na hora de emigrar"
25/05/2023
Um rumo, um destino,
em cima disso os pássaros olham para a luz no chão e sabem que vão voar, desconhecendo
o frémito cósmico em Victor Hugo, ou mesmo
o pescoço elegante das gazelas.
24/05/2023
Elas falam, as nuvens,
"para caminhar a segunda das vidas,
o segundo turno de madrugadas"
(dois versos de Iolanda Aldrei em «Dia Primeiro», poema de O Segredo de Sheela na Gig)
23/05/2023
22/05/2023
21/05/2023
20/05/2023
19/05/2023
18/05/2023
17/05/2023
Músicas e despojos coloniais
O major António Leite Mendes faleceu em Benguela, Angola, em abril de 1873. Entre outros pertences guardava uma flauta no valor de 2000 réis, dois jogos de xadrez e um tabuleiro de Damas.
O comerciante José Francisco Rodrigues Gomes faleceu em Novo Redondo (hoje Sumbe, Quanza-sul, Angola) em 1866. Possuía "uma guitarra usada" e "outra sem cordas", a par de "volumes de ordenações do Reino".
O rico negociante Pietro Santy faleceu na Catumbela (Benguela, Angola) em setembro de 1885. Entre pertences e bens à venda possuía uma caixa de música, um piano de manivela, "Cartas de A B C" (13, avaliadas em 260 réis) e "Cartilhas pequenas" (23, avaliadas em 460 réis). Ainda possuía quadros e um telescópio.
Em 1888, na rua da Praia, na mesma Catumbela, falecia Manuel das Candeias Silveira São Roque. Deixava à posteridade 15 livros e "uma armónica".
No ano seguinte, na cidade de Benguela (Angola), José Luís Gonçalves falecia com "uma harmónica," para acompanhar "alguns livros" e "jornais de ilustrações".
Leonardo Teixeira Marinho faleceu em 1894 em Benguela (Angola). Deixou 5 "harmónicas", "uma porção de gaitas. Uma caixa de música."
Abílio Ângelo de Azevedo Saraiva morreu na mesma cidade em 1899. Deixou-nos 3 quadros e "25 gaitas de boca".
Nesse mesmo ano e cidade falecia também Francisco Marques Queiroz. Tinha consigo "uma guitarra usada."
Na música da vida, ornavam de rosas o altar da morte.
16/05/2023
15/05/2023
Dizia o crítico literário que
o lirismo poético tinha origem em momentos de tranquilidade. O Verão terminava. A literatura passava a constituir a renomeação do vazio.
14/05/2023
12/05/2023
Ao fim de tantos anos de distância
eu aceito que fomos de certo modo imprudentes.
(Inácio Rebelo de Andrade, Saudades do Huambo: para uma evocação de Ernesto Lara Filho e da «Coleção Bailundo»)
11/05/2023
Naqueles anos, a República
era uma mulher de uma beleza inebriante e luminosa,
era uma espécie de orientalismo, com suas formas voluptuosas,
redondas, graciosas, em viço e cor
no que diz respeito às flores de coral. Os lagartos
gordos abandonavam tronos insubmissos
por escutarem seus passos firmes, ligeiros e suaves.
Os tigres malhados iam para as aldeias distantes
tecer loas aos imperadores na bainha de uma espingarda
inglesa. E nós ficávamos a vê-la, a torneá-la
com as mãos, porque sabíamos da água
no fundo do poço.
10/05/2023
Sobrelinha
Toda-via, a natureza da Obra torna infrutífera essa linha de pesquisa, sendo claro que a rota vai da esquerda para a direita na sobrelinha das nuvens.
09/05/2023
sinalização
cuja brancura, rutila de dia,
o luar dulcifica, feeria
...
Da luz, do Bem, doce clarão irreal
(Camilo Pessanha)
(não olhes para trás)
08/05/2023
Podia ser uma exceção
podia vir atrasado,
ou ter levantado voo.
Mas ali estavam todos,
para além do rasto
e da fronteira de água.
Como sempre, alimentando-se
com a luz do dia.
07/05/2023
06/05/2023
05/05/2023
04/05/2023
Nem sempre há escolha -
"Truth is not the result of choice, nor is it made up of opposites. There is no choice when there is integrated attention."
(Krishnamurti)
03/05/2023
02/05/2023
Timeu (a Sócrates)
"somos de natureza humana, de tal forma que, em relação a estes assuntos, é apropriado aceitarmos uma narrativa verossímil e não procurar nada além disso"
01/05/2023
29/04/2023
Poesia de fim de festa
Lembra aquela esquina depois da festa, quando o vento vem de madrugada arrumar os detritos da falsa alegria breve a um canto do mercado onde cantaram quase nus um amor estúpido, estupendo...
Aquele acumular de redundâncias, outro dia li que era a literatura. Talvez fosse. A poesia parece-me não ser isso.
28/04/2023
Caminho de água
Eram de mar as evidências imponderáveis.
No espelho subtil de aranhas implacáveis,
Como partiste? Inconcluída a estória
Da clepsidra, da flama e da maravilha...
26/04/2023
25/04/2023
Entre nascer e morrer
É a vida. E a vida, sem darmos por isso, fraqueja nos hábitos que nos guardam, no conforto que nos distrai.
Temos, por exemplo, uma imagem do por-do-sol. É esta, por exemplo ainda. Os tons esses, o astro se deslocando para a linha do horizonte como se fosse (não é?) uma bola em fogo sobre o mar. O hábito nos condiciona, impede-nos de ver. Do outro lado do lago, o sol nasce como se fosse uma bola de fogo sobre o mar e o que parece o por-do-sol é o princípio da jornada. Pelo menos ali, na praia do Casino (Cassino), extremo sul do Brasil.
24/04/2023
23/04/2023
Na paz do pasto verde
longe ficaram mundos
onde a única ameaça era
uma, depois outra, depois outra depois...
Longe ficaram mundos.
O boi pacífico olha e confia.
22/04/2023
O nascimento de Roma -
20/04/2023
Pau de giz
Com as sobras de tudo o que aprendi
me tentaram apagar todos os dias
(corte e colagem com dois versos de Carlos Ferreira em meaidade)
19/04/2023
18/04/2023
16/04/2023
Naquele tempo sem contradição
a arte era consciente e vital, imitando os animais e as pedras, instintos irreflexos. A arte
não substituía a vida, conforme o decreto régio.
15/04/2023
14/04/2023
Depois da rebentação,
a pel da pandeireta
arrasta pés entre breves
gestículos incultos...
quase vazios sobre
as espumas agitam
Crianças ao sol
13/04/2023
Cidade de Rio Grande
Arde
na cave
da minha precária
eternidade
uma tocha
arde
(Maria de Lourdes Hortas - Romaria: coletânea poética. Rio de Janeiro: Macabéa, 2022, p. 50)
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