Hoje
Toda a feliz civil idade me entre tece
— Torpor acordoado contra o vento.
Ontem no seu grão predisse a voz:
O zelo assistirá, atento,
À criação do evento
Preso nas teias da lesão do tempo
Que a velha aranha tece
Maduro.
Via-se da pescaria:
Nas redes velhas da traineira
A sorte sombreava a cor.
O paraíso é uma casa sem sustento.
Um movimento sôfrego asfixia
O ar, a clara noite que envelhece.
O lago é a esteira do sedento.
O segredo contém a novidade:
O censo do mundo que, morrendo,
Sustenta a eterna idade.