O tormentoso ventre

pila no arco de água e pedra

Os múltiplos caminhos entre

A morte e o nome, o pai e o filho

(as trevas e os dias)

 

É para olhar em pausa

quando o sol começa

a definir o dia

 

Morro velho e cego

de tanto esperar

 

Mapping semantic representations

 

Ao fim do dia

íamos ouvir o mar

 

Ias onde?

 

Entre nós

um caudal de areia

 

Saudade

e ritual

 

O lago da lua

"Fala dos feiticeiros:

Podemos ver daqui a lua, Ozoro"

(Paula Tavares. O lago da lua. Lisboa: Caminho, 1999. - p. 55)

 

Pescar o sol

pela manhã

(anzóis de luz)

 

A lâmpada acendeu

por outro lado

 

Não elogies os sábios -

eles conhecem-se a si próprios

 

Porta giratória

em repouso

(Rio Grande - RS - Brasil)

 

Reflexos inconsiderados

fragmentos do quotidiano

 

O café refletia, nessa estação,

todas as condições para uma criatividade pensativa

 

Dos males e dos remédios -

a vida

 

Memórias neutras -

o que sobrou da chuva

 

A imperatriz do meio

abrindo a porta

ouviu meia missa com fervor.

Amante de um sujeito tão perdido

Deixou a outra meia a um caçador.

(brincadeira com Écloga dos pastores Gil e Torcato: silva burlesca, de um anónimo, séc. XVIII)

 

Restauração

da lineagem

 

Cerimónia ritual

- antemanhã -

 

Arquitectura

no compassar das eras

 

Quarto de dormir

 

Uma tal de Lisboa,

nem me lembro quando

suspende-nos o tempo

e o regresso a casa

por qualquer das ruas

sempre solitário.

 

Contrastes e similaridades

de rua: Lisboa, Costa do Castelo

 

Mito: qualquer coisa que fosse

como uma porta aberta

entre o passado e o futuro.

 

Férias:

nem sempre chegarias a alguma conclusão

 

E ao menos ouves o vento

 

Fachada:

Em translação

teatros esvaziam-se.

Ao fim do caminho

vejo o poder.

(colagem com versos de Tomas Tranströmer, 

traduzidos por Luís Costa 

- colagem com translação de sentidos)

 

Os pontos de referência

na oscilante planura do lago

 

Dunas d' água

ondas de areia

 

Namoro nas dunas

 

Saiu pela porta do lado

 

O duplo do homem

era a sede da vida humana

 

Entre as mãos,

guardei um recado para ti

 

Ela vinha só,

não trazia família, 

nem grande esplendor -

apenas atraía

o sabor a própria

que dela exalou

para os olhos da ilha

 

Cara fechada

a preto e branco

 

Água limpa -

o centro

(owawa em umbundu)

 

História moderna -

a história desenha inevitavelmente uma espiral, 

não caminhamos em linha reta nem nos fechamos em círculo.

 

Segundo o cartapácio,

a lua sofre influência recetiva e flutuante

 

Noche vieja:

Personas en la Plaza

 

Inexpressivo,

mas exato

 

Mais alto,

ainda mais alto!

 

Revvolta

- voltou, que voltou, se voltou - com que força!

 

Não destruas o meu nome

Ren: no princípio era o verbo; o nosso nome nos leva para a imortalidade.

(Egipto antigo)

 

Living - peut-être

= talvez a vida.

 

Criando raízes

 Domingo no Parque 

As caixas encaixotadas,

umas belas, outras nadas,

quase nadas, nossos passos

descompassados, as vidas

amarrotadas, as vozes

envergonhadas, as nossas

cidades estas estão - 

com telhados, destelhadas,

onde não damos as mãos

fechadas em bolsos baços.

 

Só podias ser tu

 

Fulgem os caminhos

entre as lanças rasteiras do vento.

Afinal, o sujeito, o que é?