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Átomos estéticos são também cognitivos

  “Quando vemos algo além de nossas expectativas, pedaços locais de tecido cerebral geram pequenos ‘átomos’ de afeto positivo. A combinação ...

20/06/2008

barack obama

O que move Barack Obama é um problema identitário. Um problema que seria totalmente diferente se ele fosse angolano. Os negros acharam-no sempre meio branco e os brancos acharam-no sempre negro. Nos EUA não parece (já é teimosia) existir palavra para mestiços. Depois dos direitos iguais para negros e brancos é preciso reconhecer essa identidade, hoje talvez maioritária nos EUA, que é a dos mestiços. Na autobiografia agora reeditada é isso que fica nítido: um homem luta, consigo próprio e no mundo, para perceber o que é e o seu problema é ser um bocado uma coisa e um bocado outra, melhor, é ser obviamente mestiço. Todos somos mestiços, costuma-se dizer. Mas esses todos inclui negros, brancos, amarelos, vermelhos e... mestiços, não é? Os EUA precisam de repensar as vertentes humanas que os compõem e de adoptar o termo próprio para esse vasto segmento da sua população, onde se inclui grande número de afro e euro descendentes, de descendentes de latino-americanos e alguns ainda de ascendência também índia. Neste sentido, Barack Obama é o candidato ideal para resolver pacificamente o problema racial norte-americano, que precisamente consiste num pensamento e numa classificação racial ainda largamente aceites por todas as partes e que serviu de base à visão que o americano comum tem de si e do seu país. Conhecendo e amando brancos e negros e brancas e negras e reconhecendo-se branco e negro ao mesmo tempo ele será, nesse aspecto, o melhor Presidente para os EUA neste momento.