Chegou o estio a arrastar
o bafo quente da ira
em desespero de fogo
quando os espíritos do mal
passam rente ao sofrimento
num cosmos desordenado
que enlouquece a verdade
na confusão do sentido,
matando o perfume antigo
do musgo nos muros velhos
e a música que as ervas cantam
ao renascer de manhã
na planície da ausência
onde agoniza a saudade,
estrangulando em silêncio
o que ficou por dizer
por detrás da aparência
que esconde dissimulada
o ardil da violência,
e a palavra não dita
que se usou sem ser usada
deixando pelo caminho
o amargo sabor do nada...