Sião que dorme ao luar. Vozes diletas
Modulam salmos de visões contritas...
E a sombra sacrossanta dos Profetas
Melancoliza o canto dos levitas.
As torres brancas, terminando em setas,
Onde velam, nas noites infinitas,
Mil guerreiros sombrios como ascetas,
Erguem ao Céu as cúpulas benditas.
As virgens de Israel as negras comas
Aromatizam com os ungüentos brancos
dos nigromantes de mortais aromas...
Jerusalém, em meio às Doze Portas,
Dorme: e o luar que lhe vem beijar os flancos
Evoca ruínas de cidades mortas.
Publicação em destaque
Átomos estéticos são também cognitivos
“Quando vemos algo além de nossas expectativas, pedaços locais de tecido cerebral geram pequenos ‘átomos’ de afeto positivo. A combinação ...
15/08/2008
alphonsus de guimaraens
cruz e sousa
SEM ESPERANÇA
Ó cândidos fantasmas da Esperança,
Meigos espectros do meu vão Destino,
Volvei a mim nas leves ondas do Hino
Sacramental de Bem-aventurança.
Nas veredas da vida a alma não cansa
De vos buscar pelo Vergel divino
Do céu sempre estrelado e diamantino
Onde toda a alma no Perdão descansa.
Na volúpia da dor que me transporta,
Que este meu ser transfunde nos Espaços,
Sinto-te longe, ó Esperança morta.
E em vão alongo os vacilantes passos
À procura febril da tua porta,
Da ventura celeste dos teus braços.
poema simbolista
Vetustas portas de cristais errantes Às horas mortas gastas e frias, Aquecidas nos membros palpitantes De convivas fogosas e vazias,
Vejo em teus braços de oiro cintilantes, Rubis e brilhos, cores que irradias Na brancura marmórea contrastantes Das velhas portas gastas pelos dias.
E acendo os incensos no turíbulo À tua passagem palpitante Queimando a roupa fina do vestíbulo
Entre passos acesos, coruscante, Asas na dança das aras do prostíbulo, Sobre os lívidos mármores, triunfante.
14/08/2008
uma eleição antiga em luanda
Esta é do tempo colonial:
"-Mas então?... Sim ou não? Fizeram-se ou não se fizeram?
-Eu... com franqueza... se quer que lhe diga!
-Diga, homem! desembuche com mil diabos! Houve ou não houve eleições no dia 4?
-A mim parece-me... Ouvi dizer... Sim, elles que foram eleitos é porque houve!... Mas que às 10 horas nem gente havia na igreja para constituir a mesa, também é uma verdade!...
-Mas houve ou não houve eleições no dia 4?
Houve; houve com certeza. Foram por detraz, mas foram; e os regeneradores venceram! E eu estou agora com a minha gente!... Maioria enorme, sabe?"
(Alberto Corrêa, Correio de Loanda, n.º 18, ano I, 11-5-1890, p. 1)
13/08/2008
campanha exemplar 3
Por argumentos discutíveis expulsam-te do teu partido. Com o teu grupo decides apoiar o principal partido da oposição e pões os militantes que te apoiam a fazer campanha por esse partido. Eles são presos sem justificação e, passado dois dias, o juiz descobre que, afinal, não havia razões suficientes para estarem presos. Uma campanha exemplar, em África...
campanha exemplar 2
Alunos e professores que participem na campanha estão ameaçados: se faltarem ser-lhes-ão marcadas faltas injustificadas. O calendário é para ser cumprido escrupulosamente. Veja-se que, ainda por cima, há alunos que participam na campanha pagos pelo governo para realizarem diversas tarefas e esses pagamentos que vão receber é que os ajudarão a pagar propinas. Tanto zelo e depois, quando o partido no poder quer, fecha-se a instituição e pressiona-se todos para irem ao comício. Uma campanha exemplar em África (porquê aquele 'em África'? Exemplar não é em todo o lado?)
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