Escritor, jornalista e político de Cabo Verde, Pedro Monteiro Cardoso é mal conhecido ainda fora do seu país.
Pertenceu a uma geração importante mas futilmente denegrida por revolucionários apressados. Hoje, felizmente, vem sendo recuperada. Não foi só a geração do mito das Hespérides (as ilhas imaginadas pelos gregos, que a geração dizia serem as do seu arquipélago). Veja-se o caso deste autor: para além de bom poeta - dentro dos parâmetros que seguia, formalmente conservadores - e bom cronista, foi político ativo em defesa da africanidade (assinava as suas crónicas com o pseudónimo "Afro"), da caboverdianidade, dos nativos das ilhas. Foi socialista e comunista. Fundou, com João Lopes, o jornal socialista Cabo Verde em S. Vicente (1920-1921), talvez o primeiro dessa orientação ideológica nas ex-colónias portuguesas. Fundou sozinho o jornal O manduco (1923-1924) no Fogo, sua terra natal. Escreveu em jornais cabo-verdianos e portugueses. Publicou uma bibliografia numerosa e variada, indo dos escritos etnográficos aos poéticos, aos cívicos, indo linguisticamente do português ao crioulo. Faleceu em 1942, na Praia, tendo nascido em 1883 (já li 1890, mas parece pouco fiável a fonte).
Vão ser editadas agora em Cabo Verde as suas crónicas políticas e cívicas, publicadas em A voz de Cabo Verde a partir de 1911.
Chegará também o tempo em que teremos aqui, recolhidas e editadas, as melhores crónicas de José de Fontes Pereira, as melhores sátiras jornalísticas de Pedro Félix Machado e outras peças que marcaram as últimas décadas do século XIX em Angola, um primeiro período de ouro do jornalismo nacional.
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