Luanda está, culturalmente, cada vez mais agitada. É um crescendum contínuo mas que tem, nos últimos anos, aumentado também qualitativamente. Claro que há muitas iniciativas insignificantes, outras até mesmo ridículas, o que é normal, onde há muita coisa também há muita tralha. Mas surgem cada vez mais iniciativas interessantes.
A Feira do Livro e do Disco, que não teve hoje a sua 1.ª edição, é uma delas - ainda que se tenham notado (não sei porquê) as faltas de editoras ou livrarias como a Chá de Caxinde, a Lello, a Mensagem e outras que não recordo de momento. Os alfarrabistas tinham livros que fazem falta (e outros que não, claro), mas a preços exorbitantes. Um exemplo: a Formação da literatura angolana, do M. António, a 7500 Kwanzas (um exemplar, aliás, maltratado). Se, como sugeriu a governadora de Luanda numa intervenção apropriada e agradável, espalharem pelas periferias urbanas atividades destas (com livros a preços mais próximos do bolso dos consumidores do subúrbio), sem dúvida será um grande passo no sentido da requalificação dos angolanos.
Iniciativa de grande peso será, sem dúvida, a de criar a Fundação Uanhenga Xitu que, pelo perfil público do escritor e conforme os fundos de que disfrute, pode intervir em campos tão diversos quanto os da sociologia, antropologia, saúde, literatura, cultura... Para já, as palestras pelo seu aniversário, na próxima 4.ª F.ª, parecem-me um bom indício, reunindo um bom leque de colaboradores (naturalmente, nem todos iguais...).
É pena que, nas províncias, muito raramente tenhamos algo parecido. Mas a culpa é também nossa.
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