"Levantavam-se e saíam, porque tinham medo de ser vistos no mesmo restaurante que o Teta Lando". Acontecia isto em Paris, em 1986, 1987, segundo entrevista do músico , então exilado, ao jornalista José dos Santos (republicada em A Capital desta semana). Ainda hoje acontece, principalmente através da imprensa e da intriga. A maioria da imprensa vai, como sucede em muitos países, em uníssono queimando pessoas na fogueira pública - muitas vezes veiculando apenas rumores, muitas vezes sem razão, ou hiperbolizando faltas menos graves. Em locais de emprego como universidades, algumas embaixadas, grandes empresas, etc., sucede o mesmo através do mujimbo e da intriga. Nesses dias todos nos evitam. Não nos julgam, sequer, a maioria não julga, apenas não quer 'confusões' e, portanto, trata as vítimas como infectadas e contagiosas. Se for preciso, havendo uma reviravolta no dia seguinte (um aceno do presidente, do chefe, do director, umas notas mais simpáticas em alguns jornais), logo logo põem um grande sorriso, nos abraçam e nos tratam como se nada, mas mesmo nada tivesse acontecido. Não é só com angolanos, é universal. Este tipo de medo e de comportamento, para além de asqueroso, mostra que as nossas sociedades continuam prontas para a inquisição, para a ditadura, e não para a liberdade. E é a este nível que a liberdade se garante.
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