Olhos sem filhos por baixo
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haroldo de campos
10/08/2008
04/08/2008
despeito
Arda de raiva contra mim a intriga,
Morra de dor a inveja insaciável;
Destile seu veneno detestável
A vil calúnia, pérfida inimiga.
Una-se todo, em traiçoeira liga,
Contra mim só, o mundo miserável.
Alimente por mim ódio entranhável
O coração da terra que me abriga.
Sei rir-me da vaidade dos humanos;
Sei desprezar um nome não preciso;
Sei insultar uns cálculos insanos.
Durmo feliz sobre o suave riso
De uns lábios de mulher gentis, ufanos;
E o mais que os homens são, desprezo e piso.
03/08/2008
colagem mandrágora
Lucrécia Borja meu amor estive aqui há pouco
Foi por causa da mandrágora
Silêncio! Silêncio! Estou a ficar louco!
A sórdida Lucrécia, demonstração real
De que o padre se compra e a mãe é raposa velha
Se tudo correr bem
O acto por entre subtis isolamentos
Escorregando pelos paralelos
Minimalistas
Hum... sedutora figura
Percorrendo a escala do desejo
Com enigmáticas narrativas
No seu misterioso olhar.
Está bem... Está bem... Descansa...
Dá voltas lentas sobre o palco
Enquanto eu escrevo esta lembrança.
Valha-nos Deus! O alfaiate amoroso
Debruçado sobre a máquina de escrever.
Por vezes sobre a terra comestível,
Por vezes um menino perdido num pântano
Atormentando o conforto dos lagartos.
Bebe mandrágora, filha, bebe mandrágora!
Sempre é melhor que a semiótica.
nevoeiro da hora
Nesse dia discutia-se a beleza
E que disse eu? O polegar?
Música para os meus sentidos?
Um nome assim pronunciado?
A brutalidade da paixão?
Talvez pelo facto de ser audível a tentativa
Introduzida nos melhores círculos intelectuais e
Casada com o desenvolvimento da trama.
Em cadeado. Nós também podemos ascender,
Alcançar o santuário escuro com o ninho de fogo
Da eternidade perfeita e livre de propósitos.
Coloquemo-nos diante do processo de destruição:
Tudo isso é verdade. Mamã, papá, leva-me a dar
Pontapés na bola inocente, consciente, nostálgica não,
Simulacro anedótico da verdade. Uh!
As línguas não são obstáculo. Muito bem!
Toc toc toc pela estrada fora
Minha velha ama que me estás perando
Falta-me o tema, talvez a magia, precisamente:
Eu não passo de um plágio mal feito.