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Átomos estéticos são também cognitivos

  “Quando vemos algo além de nossas expectativas, pedaços locais de tecido cerebral geram pequenos ‘átomos’ de afeto positivo. A combinação ...

17/09/2023

Recordo Krishnamurti,






Pois, começando pela negação (o que não é inteligência, o que não é compreensão, por aí), chegamos a perceber e realizar o que seja. Pelo método negativo, o mesmo da teologia negativa, chegamos ao positivo. Se, pelo contrário, começamos pela afirmação do que é (mesmo ante de sabermos seja o que for), então só temos dois caminhos: ou fanatizarmos, militarmos, matarmos, agredirmos e morrermos em violência; ou terminar negando, hoje isto, amanhã aquilo, caindo em nova ilusão para a desencantar depois, infindamente.

Por esse motivo, quando pretendemos meditar e saber, pensar e conhecer ou reconhecer, deixar a pele - a sensibilidade - em estado de flor (fina, apurada, sensível como no primeiro toque), a primeira medida é limpar, descondicionarmo-nos. Por isso também, sem nenhuma surpresa para quem medita, a ciência vem comprovando que ficar numa praia deserta, ou quase deserta, olhando o mar e as areias, escutando pássaros, ondas e brisa ou vento, faz muito bem à saúde mental. Ou seja: limpa os sentidos sem deixar de os alimentar. 

Não é nada mítico nem vago, mas algo que os místicos conhecem por experiência. Uma série de reações neurobiológicas, incluindo processos químicos e elétricos muito concretos, aumento de íons negativos, o córtex pré-frontal mais ativo, diminuição de cortisol... Mas é também esse processo básico de limparmos os sentidos - e, por eles, a mente - de ruídos, lixo, resíduos inúteis visuais, sonoros, olfativos, táteis até. Se limpamos o excesso de estímulos estamos, na prática, a exercitar a negação como processo de conhecimento. Não ficamos embotados, sufocados, rombudos e engasgados. E a calma de que se fala quando se fala numa praia deserta ajuda a afastar a disciplina militante do que é e do que não é, do que deve e do que não deve ser, da divisão e do combate. 

Não tenhamos medo. Se até houve um Cristo que morreu e voltou à vida para mostrar que a morte não é irreversível, vamos ter medo? A calma que trazemos do mar responde, naturalmente, espontaneamente e decisivamente às agressões do quotidiano. Desarma-as.

Enquanto não chegamos à praia, podemos olhar essa fotografia🔝.