Por trás da sombra do som[1]
Micro paisagens para marimba sola,
Vaga, suave, arrastada;
Minúsculos animais rastejantes
Passam depressa entre restos de ramos e folhas
E um violino em arrepio rasga o panorama
Com um trovão nocturno e a aguda sensibilidade
Das abelhas no caminho do campo
Separado por fronteiras derruídas de oiros e vermelhos.
Por trás da sombra do som
Teus lábios grossos sensuais
Vibram em quantas cordas
Enquanto olhas instigante
Interrogativa e actuante
Disparando a seta aguda
Que se abre em chamas lancinantes,
Cujo ruído quase inaudível aumenta
A finura das lâminas quando se aproxima
Dos silêncios ondulantes e mergulha.
Depois hás-de sentir um cheiro de fim de batalha
Quando finalmente o concerto se cala
Por trás da sombra do som. E a tua mão de bailarina
Tocará no meu corpo ferido sobre o chão molhado
Para salvar-me ainda. Nessa altura trila
No ar um som de flautas tímidas
Que de brilhos pequeninos
Refaz a pureza e a alegria dos caminhos[2].