Publicação em destaque

Átomos estéticos são também cognitivos

  “Quando vemos algo além de nossas expectativas, pedaços locais de tecido cerebral geram pequenos ‘átomos’ de afeto positivo. A combinação ...

13/08/2008

campanha exemplar 2

Alunos e professores que participem na campanha estão ameaçados: se faltarem ser-lhes-ão marcadas faltas injustificadas. O calendário é para ser cumprido escrupulosamente. Veja-se que, ainda por cima, há alunos que participam na campanha pagos pelo governo para realizarem diversas tarefas e esses pagamentos que vão receber é que os ajudarão a pagar propinas. Tanto zelo e depois, quando o partido no poder quer, fecha-se a instituição e pressiona-se todos para irem ao comício. Uma campanha exemplar em África (porquê aquele 'em África'? Exemplar não é em todo o lado?)

campanha exemplar 1

Chegas à tua Universidade, que é pública, para dar aulas. Está tudo fechado. Ficas a saber que é por causa de "um evento" da "instituição" para todos os alunos e professores. Indicam-te o lugar e dão-te a entender que é mesmo para ir. Chegas lá e o partido no poder aparece, com muitas bandeiras, para ler-te o seu programa para a educação. Um campanha que se quer exemplar em África...

josé luís mendonça

Com seus dedos de rapina os fios eléctricos Raptam o vôo dos pássaros poisados Sobre a inocência da manhã.

jorge luís borges

A voz da ave que a penumbra esconde emudeceu. Andas no teu jardim. Algo, eu sei, te falta. As aves que a penumbra esconde são verdes.

adivinha popular

Filhos sem olhos por cima 
Olhos sem filhos por baixo

11/08/2008

haroldo de campos

a propósito de regionalismos ou nativismos: "como se lhe fosse destinado [ao Brasil, ao 3.º mundo, aos trópicos], sem remissão, o papel de literatura exótica ou de excepção"

04/08/2008

despeito

Os românticos, em geral, não escreviam sonetos. Mas Junqueira Freire escreveu este:

Arda de raiva contra mim a intriga,

Morra de dor a inveja insaciável;

Destile seu veneno detestável

A vil calúnia, pérfida inimiga.

Una-se todo, em traiçoeira liga,

Contra mim só, o mundo miserável.

Alimente por mim ódio entranhável

O coração da terra que me abriga.

Sei rir-me da vaidade dos humanos;

Sei desprezar um nome não preciso;

Sei insultar uns cálculos insanos.

Durmo feliz sobre o suave riso

De uns lábios de mulher gentis, ufanos;

E o mais que os homens são, desprezo e piso.

03/08/2008

colagem mandrágora

Lucrécia Borja meu amor estive aqui há pouco

Foi por causa da mandrágora

Silêncio! Silêncio! Estou a ficar louco!

A sórdida Lucrécia, demonstração real

De que o padre se compra e a mãe é raposa velha

Se tudo correr bem

O acto por entre subtis isolamentos

Escorregando pelos paralelos

Minimalistas

Hum... sedutora figura

Percorrendo a escala do desejo

Com enigmáticas narrativas

No seu misterioso olhar.

Está bem... Está bem... Descansa...

Dá voltas lentas sobre o palco

Enquanto eu escrevo esta lembrança.

Valha-nos Deus! O alfaiate amoroso

Debruçado sobre a máquina de escrever.

Por vezes sobre a terra comestível,

Por vezes um menino perdido num pântano

Atormentando o conforto dos lagartos.

Bebe mandrágora, filha, bebe mandrágora!

Sempre é melhor que a semiótica.