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Átomos estéticos são também cognitivos

  “Quando vemos algo além de nossas expectativas, pedaços locais de tecido cerebral geram pequenos ‘átomos’ de afeto positivo. A combinação ...

29/10/2023

Uma estória que se repete,


como uma casa guardada ao abandono e sua escada para descer à rua: uns virão, disse o velho poeta, com suas armas de arremesso e me chamam para me rebelar contra o fim do dia; virão de outro lado os filhos do sol nascente para ditar as ordens e as regras de construir uma nação saudável. Eu não me identifico. Não vou por qualquer aí. Sempre caminhei sozinho e, quando olhava as nuvens, adivinhava apenas que estava próximo o sol aberto, ou que se aproximava a chuva benfazeja. Quando a chuva caía, me abrigava e depois deixava o rio correr para o mar, ia ver o mar onde o rio desaguava e gostava de escutar ainda o marulho das ondas. Quando o sol vinha começava a caminhar sem rumo. Assim me mantive livre, natural e saudável, entre os apelos da rua e a casa abandonada. 


 

28/10/2023

O poste e a estrela


Prótons, elétrons, possuem cargas elétricas e são, como partículas subatómicas e a par de outras partículas, uma das bases microfísicas de tudo quanto existe. 

Fontes primárias de energia, por exemplo o mar, o vento, a água dos rios, permitem que se lhes extraia energia elétrica. 

A energia elétrica é, portanto, uma fonte secundária, processada a partir de fontes primárias que encerram, suportam ou contêm prótons e elétrons entre outras partículas subatómicas. 

A linguagem poética, desde o começo do século XX, foi finalmente percebida com precisão como o que mais tarde se chamou sistema simbólico (e linguístico) de segundo grau. 

Sistema linguístico de segundo grau como o são todas as linguagens especializadas que, sobre as linguagens comuns, quotidianas, aproveitando as suas cargas elétricas, as relações entre seus prótons e elétrons, desenvolvem um discurso específico tendo por pressuposto o conhecimento geral e a enciclopédia que circulam na linguagem comum quotidiana. 

Um sistema simbólico de segundo grau que podia ser chamado de terceiro grau. Pensemos: a linguagem substitui a realidade. Não podemos levar uma pedra nem para dentro da boca nem para dentro de um livro, como sucede com tudo, sol, vento, montanha, luz. Mas podemos levar uma palavra que faz quem nos escuta imaginar o objeto referido. A linguagem, nessa medida, é por si um processo de representação, de simbolização, ou de significação, que torna presente, qualifica (adjetiva), e denota qualquer objeto ou sentimento ou conceito (por algum motivo é mais difícil ainda arranjar a palavra apropriada a um conceito do que a palavra para nomear 'osso', 'montanha', 'dedo'). 

A poesia, tendo por pressuposto o primeiro sistema que é a linguagem comum quotidiana, elabora sobre ele uma segunda significação, que organiza uma segunda carga elétrica, por isso chamada de segundo grau. Se num poema aparecer a palavra 'dedo' ela pode significar tudo o que o dedo pode significar em sentido figurado ou não; tudo ou qualquer parte desse vasto campo semântico. 

Agora me perguntam: mas não disse que se podia chamar um sistema simbólico de terceiro grau. Disse. Porque, antes da linguagem verbal, o cérebro organiza as perceções de forma a construir um primeiro discurso de imagens que já contém, pela sua própria formação, toda a energia poética e toda a potencialidade dos sistemas simbólicos ou linguísticos de 'primeiro' e de 'segundo' grau. Esse discurso imagístico, essa sintaxe percetiva e intuitiva, é o verdadeiro sistema simbólico de primeiro grau. 


23/10/2023

Do caminho tateado ao reino das nuvens,

 do cheiro macio ao tato, 

não se preocupe, senhor legislador,

são poetas em trânsito 

e recurso



Artes orientais e ocidentais - existe uma



para viver e outra para morrer. Na primeira se interligam os planos e dimensões mantendo cada qual a sua peculiaridade e função; na segunda se fundem os planos e dimensões através da meditação concentrada e constante. Isso até vir a estrela e explodir em nós. Então é que tudo estará consumado.


 

21/10/2023

Não sei se há ideias verdadeiras.


Sei que uma coisa são as nuvens e outra a ideia das nuvens, abstraída. Procuro ver como da primeira vez e elas estão lá. Quando contemplo a ideia de nuvem, porém, desfaz-se e volto a olhar. É, portanto, melhor limparmos os olhos.

 

hieroglifos eletrónicos



- apenas uma reminiscência, escrita já sem significado específico, mas ainda assim evocando formas básicas, embrionárias de um 'imaginário'