Prótons, elétrons, possuem cargas elétricas e são, como partículas subatómicas e a par de outras partículas, uma das bases microfísicas de tudo quanto existe.
Fontes primárias de energia, por exemplo o mar, o vento, a água dos rios, permitem que se lhes extraia energia elétrica.
A energia elétrica é, portanto, uma fonte secundária, processada a partir de fontes primárias que encerram, suportam ou contêm prótons e elétrons entre outras partículas subatómicas.
A linguagem poética, desde o começo do século XX, foi finalmente percebida com precisão como o que mais tarde se chamou sistema simbólico (e linguístico) de segundo grau.
Sistema linguístico de segundo grau como o são todas as linguagens especializadas que, sobre as linguagens comuns, quotidianas, aproveitando as suas cargas elétricas, as relações entre seus prótons e elétrons, desenvolvem um discurso específico tendo por pressuposto o conhecimento geral e a enciclopédia que circulam na linguagem comum quotidiana.
Um sistema simbólico de segundo grau que podia ser chamado de terceiro grau. Pensemos: a linguagem substitui a realidade. Não podemos levar uma pedra nem para dentro da boca nem para dentro de um livro, como sucede com tudo, sol, vento, montanha, luz. Mas podemos levar uma palavra que faz quem nos escuta imaginar o objeto referido. A linguagem, nessa medida, é por si um processo de representação, de simbolização, ou de significação, que torna presente, qualifica (adjetiva), e denota qualquer objeto ou sentimento ou conceito (por algum motivo é mais difícil ainda arranjar a palavra apropriada a um conceito do que a palavra para nomear 'osso', 'montanha', 'dedo').
A poesia, tendo por pressuposto o primeiro sistema que é a linguagem comum quotidiana, elabora sobre ele uma segunda significação, que organiza uma segunda carga elétrica, por isso chamada de segundo grau. Se num poema aparecer a palavra 'dedo' ela pode significar tudo o que o dedo pode significar em sentido figurado ou não; tudo ou qualquer parte desse vasto campo semântico.
Agora me perguntam: mas não disse que se podia chamar um sistema simbólico de terceiro grau. Disse. Porque, antes da linguagem verbal, o cérebro organiza as perceções de forma a construir um primeiro discurso de imagens que já contém, pela sua própria formação, toda a energia poética e toda a potencialidade dos sistemas simbólicos ou linguísticos de 'primeiro' e de 'segundo' grau. Esse discurso imagístico, essa sintaxe percetiva e intuitiva, é o verdadeiro sistema simbólico de primeiro grau.