Quando o Castanheda,

que é discípulo do índio, diz ao índio que lhe aparecem olhos antes de adormecer, o Don Juan, o índio, diz-lhe: – É por esses olhos que tu podes entrar para o mundo do desconhecido

(António Telmo, no lançamento de um livro Congeminações de um neopitagórico)

(o olhar é o do índio)

 

A cultura em Portugal

 

no século XVIII: a Biblioteca, o Museu, a Catedral

e o galo

Então falávamos do paradoxo,

da pertinência cognitiva do paradoxo e da ciência

reconstituindo a cultura matemática...

 

Porque se pode duvidar

da verdade das coisas sensíveis:

(René Descartes)

 

Desesperado sem inocência,

filho pródigo do espírito,

face ao teu realismo avarento,

Saúdo a energia limpa da convalescença

por elementos primordiais

 

Depois da minha morte

Depois da minha morte, é natural que os estilistas se preocupem com a minha vida e os meus recursos de Artista.

)Camilo — Carta a Sena Freitas(

 

Segundo a ciência,

há plantas que, mesmo se forma de espécies diferentes, não competem. As suas raízes entrelaçam-se no mesmo espaço, partilhando o mesmo sistema de alimentação. Não sei se por saudades da origem, também algumas árvores se entrelaçam no topo, as pontas dos ramos e folhas de umas tocando as outras, partilhando o mesmo espaço aéreo. Dá azo a uma boa lição de moral, mas também me leva a pensar que assim se forma uma perfeita simetria entre raiz e copa. 

 

Outono: folha seca na fonte

 

Enquanto no vazio

as águas marulhavam,

 

O ritmo, Antero, não será necessário, penso humildemente, me desculpe,

mas inevitável até no delírio e na destruição.