A propósito da ditadura de Mugabe volta-se a discutir o direito de ingerência. A questão era já antiga. Leia-se esta passagem do livro de quacre (quaker), Joseph Cooper, a propósito da abolição da escravatura:
"A Europa tem o direito de intervir numa tal questão? Sim, sem dúvida." Claro que "o direito de outrem é o limite do vosso direito". O que dá, no caso, uma curiosa atitude:
"Que o Egypto e a Turquia não libertem os seus escravos, é um assunto interno no qual nós não temos o direito de intervir; mas a África é um mercado que pertence a todo o mundo"!
Na altura, como hoje acontece com os defensores das ditaduras, os escravocratas acusavam a Europa de ingerir nos assuntos internos dos outros continentes. Hoje, porém, houve um pequeno progresso: às comunidades políticas regionais (como a SADC) é remetido muitas vezes o papel de resolver os problemas regionais (e, portanto, de interferir na política de um dos seus países). Não resolve muito, como se vê pelo Zimbabwe, mas também já não se defende que a África pertence a todo o mundo.
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Átomos estéticos são também cognitivos
“Quando vemos algo além de nossas expectativas, pedaços locais de tecido cerebral geram pequenos ‘átomos’ de afeto positivo. A combinação ...
27/07/2008
24/07/2008
estatísticas por si próprias
Taxa de analfabetismo em Angola: cerca de 58%
Taxa de analfabetismo em África: cerca de 38%
Inscrições no ensino secundário em Angola:
18% dos rapazes em idade própria
13% das raparigas em idade própria
Recursos para a educação em 2007: 9,3% do orçamento de estado
Recursos para a educação na SADC: 16,7% em média
Distribuição de recursos per capita no litoral: 15USD
Distribuição de recursos per capita no interior: 5USD
23/07/2008
proposta fundamental
Promessa do MPLA no seu programa de saúde segundo o Semanário Angolense: combater a obesidade. Fundamental e sintomático.
22/07/2008
radovan
Quem estiver interessado pode descarregar a acta de acusação a Radovan Karazic a partir do Le Monde, seguindo a hiperligação (lá indicam outra para a fonte).
alberto teta lando - II
A opinião geral, africana e mundial, associa o 'africano' (leia-se: o negro) à alegria, à exuberância, à festa, ao riso, quando não ao folclore. A melancolia de algumas das melhores canções da mpa (música popular angolana) desmente isso. Bela, magoada, marcada por um ritmo doído, possui uma rara capacidade de sugestão. Natural em povos que tão bem trabalharam as marimbas e os batuques. Teta Lando é outra prova: "tenho uma certa tendência para cantar o lado nostálgico, o lado triste das coisas"
(A Capital, 19-07-08, p. 38)
alberto teta lando - I
"Todo o homem, todo o artista tem o direito de cantar aquilo que melhor corresponde aos seus sentimentos. Isso é indiscutível, só não concordo quando alguém pega num rap e quer colocar num mesmo cesto com música angolana" (A Capital, 19-07-08, p. 38).
sociedades inquisitoriais
"Levantavam-se e saíam, porque tinham medo de ser vistos no mesmo restaurante que o Teta Lando". Acontecia isto em Paris, em 1986, 1987, segundo entrevista do músico , então exilado, ao jornalista José dos Santos (republicada em A Capital desta semana). Ainda hoje acontece, principalmente através da imprensa e da intriga. A maioria da imprensa vai, como sucede em muitos países, em uníssono queimando pessoas na fogueira pública - muitas vezes veiculando apenas rumores, muitas vezes sem razão, ou hiperbolizando faltas menos graves. Em locais de emprego como universidades, algumas embaixadas, grandes empresas, etc., sucede o mesmo através do mujimbo e da intriga. Nesses dias todos nos evitam. Não nos julgam, sequer, a maioria não julga, apenas não quer 'confusões' e, portanto, trata as vítimas como infectadas e contagiosas. Se for preciso, havendo uma reviravolta no dia seguinte (um aceno do presidente, do chefe, do director, umas notas mais simpáticas em alguns jornais), logo logo põem um grande sorriso, nos abraçam e nos tratam como se nada, mas mesmo nada tivesse acontecido. Não é só com angolanos, é universal. Este tipo de medo e de comportamento, para além de asqueroso, mostra que as nossas sociedades continuam prontas para a inquisição, para a ditadura, e não para a liberdade. E é a este nível que a liberdade se garante.
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