(fio de pesca)
soantes: só visto
diário fragmentado e comventual, exposto por imagens
Publicação em destaque
Átomos estéticos são também cognitivos
“Quando vemos algo além de nossas expectativas, pedaços locais de tecido cerebral geram pequenos ‘átomos’ de afeto positivo. A combinação ...
25/03/2025
23/03/2025
22/03/2025
Camilo Castelo Branco, o amor e o cheiro:
Dizia Camilo Castelo Branco, autor muito lido numa Luanda de amores profícuos e consequentes, que lhe apreciava os sarcasmos e humores rasteiros e certeiros, além de muito bem dispostos: "Autores, embalados no berço da humanidade, falam da mulher, e provam que o amor, se não é mais velho, é pelo menos contemporâneo dos narizes." Um amigo meu, moçambicano, dizia que "o amor é o cheiro." Entretanto Camilo, nas vestes de outro e numa antecipação de Jorge Luís Borges (inventando autores e tradutores), cita Heródoto ao falar nos raptos de mulheres, para concluir que não vale a pena vingar os raptos que, se elas não quisessem, não eram raptadas. E conclui (essa primeira parte da sua crónica) dizendo que as tolices feitas por causa do amor (logo, por causa do cheiro, dos narizes, e do "primeiro casal de bichos"), hão de ser tão velhas que já com nenhuma se consegue ser original. Mesmo com Ana Plácido.
Dito o que, o ficcionista iconoclasta prático se vestiu de "Príncipe, costume bonito e original" e perturbou "a tranquilidade de muitas almas que ainda não acordaram ao arraiar do amor", passando a conseguir "admiráveis conversões de mulheres heréticas na religião do sentimentalismo, com o meu vestido de príncipe, que aluguei por 540 réis."
21/03/2025
20/03/2025
18/03/2025
17/03/2025
A capela
Cantar a capella, só voz(es). O ritmo cria, mesmo a capella, um percurso, com rumo definido e foco ao fundo. As vozes esculpem relevos de cor, ângulos especiais, portas e janelas. Ao fundo o foco. Isso é comum desde a pré-história: traços indicando um caminho e um destino. Por isso esta espécie de imagem tem sempre sucesso.
15/03/2025
Poema
E há palavras pétreas como conchas
desfazendo-se na areia.
E há pedras que se movem como caranguejos
escondendo-se na areia.
E há quem se desfaça por inspiração
enterrando na areia o verso e a pretensão.
Depois, às vezes bem depois, é que nasce o poema.
Sem dizer nada, sem aviso, quase sem palavras.
Esquecido.
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