Naquele dia o céu

estava nublado

 

Se houvesse uma narrativa parada

seria esta, só com as ondas do mar infinitamente se repetindo e o sol quieto no mesmo lugar indefinidamente no tempo

 

Essa luz

quase fala

 

Frente às ondas

sou como um rio

 

Abertura:

declamo solenemente os direitos da luz

declamo solenemente os direitos do mar

declamo abertamente os direitos do amor

 

Naqueles dias cinzentos

entrechuvas

o que se via, mera promessa

 

Era mais do que isso

"Era mais do que isso. Ela sentia-se um pedaço do mar, exilado em terra firme.

– Deve ser o que sentem os lagos – pensou."

(José Eduardo Agualusa. Revista Visão, 5-1-2022)

 

No amor do mar

não se ama de qualquer maneira

 

Bela é a tua alvorada, oh Aton vivo, Senhor da eternidade

Assinalada pelos ciclos da serpente. 

Os teus raios cintilam nos olhos alegres; 

a tua pele espalha uma luz 

que faz os corações pulsar.

O teu amor

Levanta-nos para dar vida!

A beleza que emanas nos acorda.

Por isso te elevamos 

os cantos e as danças

Abrindo as asas animadas

para a fonte única

De tudo quanto é vivo,

Brilha e  nos entusiasma,

Rasteja para cultivar os alimentos

E assinala no calvo céu à noite 

Viúvo a tua saudosa luz

Sobre as flores embriagadas

No chão do templo.

(hino ao sol de Akhenaton. Personalizado)

 

Conversas serenas no pequeno rio

...depois da grande vaga...