"No meu coração ressoam árvores
Ignoradas da Terra. E entre seus ramos
Dispersa o Duende a lâmpada dos olhos:
Na insónia cuja chama não se apaga.
Não conto com as raízes dizimáveis
Das árvores da Terra. Mas com as árvores
Que fincadas mais fundo têm a garra
De latejar sem trégua no meu sangue.
Não cessa de arrastar-me em seus clamores
O Duende insone sob a sombra delas:
O Duende de corpo lancinante
E a alma perdida nas canções da Terra."
(Todas as coisas têm língua: seleção poética, Recife, CEPE, 2008, p. 266)
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“Quando vemos algo além de nossas expectativas, pedaços locais de tecido cerebral geram pequenos ‘átomos’ de afeto positivo. A combinação ...
19/12/2008
18/12/2008
Leitão preso para assar
Carlos Leitão foi um dos mais activos dirigentes da oposição civil angolana, à frente do PADEPA. Depois de fortes divergências internas, um dos seus companheiros tomou o partido e chegou a disparar sobre Carlos Leitão, no ano passado, frente à respectiva sede. Estranhamente, a polícia não prendeu o atirador nem averiguou nada. Antes das eleições o Tribunal Constitucional reconheceu a liderança do seu rival e a participação do PADEPA nas eleições redundou num fracasso total - esteve praticamente inactivo e, portanto, não recebeu votos nenhuns. Carlos Leitão, que sempre foi o rosto do partido, ficou 'constitucionalmente' de fora e apelou ao voto na UNITA, chegando mesmo a colocar apoiantes seus a distribuir propaganda dos 'maninhos'. Houve escaramuças com a polícia em Luanda por causa disso. Agora, baseando-se numa queixa apresentada pelo seu rival, em que diz que ele falsificou os documentos do partido e abusou do seu poder enquando líder, a polícia, sem mandato de captura e quando Carlos Leitão se preparava para sair do país por questões de saúde, prendeu-o. O seu advogado tenta o 'habeas corpus', alega a ilegalidade da prisão, bem como o facto de o seu constituinte ter problemas cardio-vasculares muito graves (está, aliás, preso no Hospital Militar Principal em Luanda, pois sofreu um ataque logo após a prisão). Nada adiantou até hoje. Carlos Leitão continua preso. Estes episódios somam-se a outros, como a perseguição (ora 'afável', ora violenta) aos militantes do PRS na Lunda, a citação dos irmãos Pinto de Andrade para irem à sede do MPLA justificar o seu afastamento político-partidário (apesar de, pelo menos um deles, há muito já não pertencer ao partido, tendo-se filiado noutro e declarado tudo publicamente), o aliciamento constante de militantes da oposição para se mudarem para o MPLA, com promessas de melhoria de vida, de cargos, etc.. Fica difícil não acreditarmos que o partido maioritário tem um plano para se tornar, na prática, o único. Disfarçadamente ou não, o facto é que os partidos e dirigentes que mais incomodam vão sendo perseguidos. Hoje uma coisa, amanhã outra, dá-se a desculpa esfarrapada do excesso de zelo de alguns militantes e policiais, diz-se que não há plano nenhum, depois de tudo adormecer um bocado faz-se outra patifaria contra a oposição. É assim que se entende a liberdade aqui: somos livres de dar cabo dos outros. No entanto, perante isto tudo, a restante oposição ainda não se manifestou. Depois queixam-se...
16/12/2008
13/12/2008
a praga
Há uma relação nuclear entre este conhecido conto de Óscar Ribas («A Praga») e A feira dos assombrados do José Eduardo Agualusa. Também com A dívida da peixeira, de Jacinto de Lemos, ficcionista que começa a publicar no mesmo ano de Agualusa. O lastro deixado pela obra de Ribas na literatura angolana é, hoje ainda, um ilustre e enorme desconhecido.
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