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Átomos estéticos são também cognitivos

  “Quando vemos algo além de nossas expectativas, pedaços locais de tecido cerebral geram pequenos ‘átomos’ de afeto positivo. A combinação ...

11/08/2008

haroldo de campos

a propósito de regionalismos ou nativismos: "como se lhe fosse destinado [ao Brasil, ao 3.º mundo, aos trópicos], sem remissão, o papel de literatura exótica ou de excepção"

04/08/2008

despeito

Os românticos, em geral, não escreviam sonetos. Mas Junqueira Freire escreveu este:

Arda de raiva contra mim a intriga,

Morra de dor a inveja insaciável;

Destile seu veneno detestável

A vil calúnia, pérfida inimiga.

Una-se todo, em traiçoeira liga,

Contra mim só, o mundo miserável.

Alimente por mim ódio entranhável

O coração da terra que me abriga.

Sei rir-me da vaidade dos humanos;

Sei desprezar um nome não preciso;

Sei insultar uns cálculos insanos.

Durmo feliz sobre o suave riso

De uns lábios de mulher gentis, ufanos;

E o mais que os homens são, desprezo e piso.

03/08/2008

colagem mandrágora

Lucrécia Borja meu amor estive aqui há pouco

Foi por causa da mandrágora

Silêncio! Silêncio! Estou a ficar louco!

A sórdida Lucrécia, demonstração real

De que o padre se compra e a mãe é raposa velha

Se tudo correr bem

O acto por entre subtis isolamentos

Escorregando pelos paralelos

Minimalistas

Hum... sedutora figura

Percorrendo a escala do desejo

Com enigmáticas narrativas

No seu misterioso olhar.

Está bem... Está bem... Descansa...

Dá voltas lentas sobre o palco

Enquanto eu escrevo esta lembrança.

Valha-nos Deus! O alfaiate amoroso

Debruçado sobre a máquina de escrever.

Por vezes sobre a terra comestível,

Por vezes um menino perdido num pântano

Atormentando o conforto dos lagartos.

Bebe mandrágora, filha, bebe mandrágora!

Sempre é melhor que a semiótica.

nevoeiro da hora

Nesse dia discutia-se a beleza

E que disse eu? O polegar?

Música para os meus sentidos?

Um nome assim pronunciado?

A brutalidade da paixão?

Talvez pelo facto de ser audível a tentativa

Introduzida nos melhores círculos intelectuais e

Casada com o desenvolvimento da trama.

Em cadeado. Nós também podemos ascender,

Alcançar o santuário escuro com o ninho de fogo

Da eternidade perfeita e livre de propósitos.

Coloquemo-nos diante do processo de destruição:

Tudo isso é verdade. Mamã, papá, leva-me a dar

Pontapés na bola inocente, consciente, nostálgica não,

Simulacro anedótico da verdade. Uh!

As línguas não são obstáculo. Muito bem!

Toc toc toc pela estrada fora

Minha velha ama que me estás perando

Falta-me o tema, talvez a magia, precisamente:

Eu não passo de um plágio mal feito.

va

reflexo

28/07/2008

a poesia segundo garrett

"[...]quando transborda o coração de júbilo, ou de pena, ou de admiração; isto que é o falar do homem para Deus n’aquelas frases incoerentes, inanalizáveis pelas gramáticas humanas, porque são reminiscência da língua dos anjos, que ele soube antes de nascer; isto que se intoa e se canta no coração, antes e muito mais belo do que o repita a língua" (prefácio às Flores sem Fruto)