Publicação em destaque

Átomos estéticos são também cognitivos

  “Quando vemos algo além de nossas expectativas, pedaços locais de tecido cerebral geram pequenos ‘átomos’ de afeto positivo. A combinação ...

05/06/2008

soluções ecológicas

obras secretas

A notícia descia do rádio para o chão como um raio de luz: finalmente vão asfaltar as ruas da cidade. O próprio ministro das obras públicas veio dar a notícia, já que se trata de um projecto do governo, e foi secundado por todos os maiombolas d'Ombaka. Mas cada manhã tem sua nuvem, cada luz a sua sombra. Afinal só nos deram 30 km de asfalto, o que não é nada para o que falta fazer. Será por causa da alcunha do Maiombola (30%)? Não sei. Qualquer coisa já dá para pensar que vão fazer tudo. Mais ainda que o prazo para o fim da obra é só em Dezembro, quase 4 meses depois das eleições. Até ao voto basta mesmo tapar uns buraquinhos para os carros do governo sairem rápido e chegarem rápido, são os tempos da campanha. O povo olha aquilo e pensa: sim, senhor! agora é que vai ficar bom! Como se não bastasse, o clímax: o montante total a gastar com essas obras não será revelado. Com as eleições próximas talvez não fique bem imaginarmos as comissões.

02/06/2008

caligramas de anita toutikian


... No Líbano. Pelo que li em L'Orient le Jour trata-se de uma exposição muito interessante. Quer pela transversalidade cultural (experimentada no trabalho visual e criativo com a letra J), quer pela maneira inovadora e sólida como relaciona, artisticamente, o verbal, o visual e, mais genericamente, o mundo dos símbolos, as semiosferas do 'Ocidente' e do 'Oriente'. Vale a pena ler o artigo.

01/06/2008

lançamento da nova águia em évora

A rampa de lançamento será a Universidade de Évora. No dia 3 de Junho. Consultem o blogue da revista. Há boas surpresas.

poesia de adelino torres - último verão

Chegou o estio a arrastar

o bafo quente da ira

em desespero de fogo

quando os espíritos do mal

passam rente ao sofrimento

num cosmos desordenado

que enlouquece a verdade

na confusão do sentido,

matando o perfume antigo

do musgo nos muros velhos

e a música que as ervas cantam

ao renascer de manhã

na planície da ausência

onde agoniza a saudade,

estrangulando em silêncio

o que ficou por dizer

por detrás da aparência

que esconde dissimulada

o ardil da violência,

e a palavra não dita

que se usou sem ser usada

deixando pelo caminho

o amargo sabor do nada...

poesia de adelino torres - tempo dos «ismos»

Chegou a nave dos loucos

que fundeou na baía

ondulando mil bandeiras

uma nova em cada dia

não tem mastro nem velame

tripulada por fantasmas

em tempo de assombração

almas mortas que mataram

a razão da rebeldia

e a vontade da razão

poesia de adelino torres - sobrevivência

SOBREVIVÊNCIA

Enganar a solidão

é viver uma segunda vida

numa passada dormente

à sombra da sombra escondida

do lado de lá da lua

a tentar matar a morte

sem perecer no caminho

de uma noite indiferente

como um cão agonizante

a uivar sozinho...

poesia de adelino torres - aforismo

ATREVIMENTO

É sempre sob a forma de um saber

que a ignorância vocifera.

poesia de adelino torres - extracto

Dos velhos alfarrábios saem vozes antigas

que sussurram pensamentos a moldar a vida

e percorrem estradas verticais até ao tecto

entoando músicas ausentes

que vibram em surdina como se não estivessem lá

de sentinela a guardar fronteiras incorpóreas

em castelos erguidos sobre nuvens com raízes

que mergulham no coração dos homens.

(do poema «Vozes»)