é a visão mais íntima, a primeira, mais próxima da sincronia do espanto - e a harmonização do espanto, não pelo olhar frágil e fatídico de Orfeu para Eurídice depois do milagre, mas pelo deslumbre, quer seja dolorosa ou não seja a descoberta. A convicção pelo deslumbre, seja ele um soco ou a explosão de uma estrela, é que determina a obra de arte e orienta o processo artístico nas suas articulações todas. A verdade, neste caso e critério, não coincide com a realidade. A verdade é o que leva à criação.
Daí que Truffaut diga "que ao longo de toda a nossa vida, nos tornamos pessoas diferentes e sucessivas, sendo isso que torna tão estranhos os livros de memórias."
A arte é um amor viandante. "Ao respirar, o tempo conspira"
(em comversa, por ele desconhecida, com Pedro Martins sobre a filmografia marrana de Truffaut. Livro a sair: Israel, minha vaga estrela, por Pedro Martins, na Zéfiro)