Publicação em destaque
Átomos estéticos são também cognitivos
“Quando vemos algo além de nossas expectativas, pedaços locais de tecido cerebral geram pequenos ‘átomos’ de afeto positivo. A combinação ...
30/03/2008
regresso a Benguela
Numa sexta-feira pela tardinha. Guardando em silêncio todos (incluindo a imprensa nacional e internacional) a notícia das dezenas de mortos nas cheias, das centenas de desalojados e não sei quantas novenas para os que ainda vão morrer picados pelas garras eléctricas dos charcos nos caminhos. Abandonamo-nos, num cansaço magoado e escondido para não mostrarmos tristeza, abandonamo-nos à lassidão sensual dos que não fazem parte do mundo. Sentimo-nos tralha: os nossos mortos não são iguais aos outros. Continuamos sós. Alegra-nos a vista nova dos morros áridos e agrestes agora ainda verdejantes, miragens irónicas do paraíso na ambígua disposição do cenário. Vamos ouvindo as notícias sobre os amigos, os cenários, as anedotas, as perspectivas – enquanto entramos na cidade. Avançamos pelo torvelhilho de poeira. Aqui é assim, dizem os vizinhos de outro tempo. A poeira é da cor do milho, ocorre-me. Será que os Incas reparavam nisso? Não conheces aquele aforismo da Bíblia: tu és lama e em pó te hás-de tornar? Aqui é assim. Chove, não lava, só enche de lama. Isto como sabes é seco o ano inteiro. Entretanto sente-se doçura nos olhos e nos gestos. Olha aqueles calções. Aqueles brancos. Achas que ainda é preciso escreveres mais poesias? Em seguida um novo silêncio. Tudo na mesma. Quente, relâmpagos atrás dos primeiros degraus de uma serra continental, uma série de acasos nos recorda mesmo que Deus existe e aqui se vive bem mais essa verdade. Isto sim. O Kapiandalo não ficou muito alagado. Mais ao lado, a chispa dos cascos das palancas na rocha do alcatrão electrocutado queima-nos a pele. Diariamente morremos e tornamos a nascer. As vagas imprecisões vão ganhando intuitivamente contornos concretos, mesmo que em silêncio. As ruas respondem entre altos e baixos, grandes poças de lama e pequenos morros de poeira empedernida. Deitar e dormir. O caminho é para a frente mesmo assim.
27/03/2008
descrição da Ilha
De nada falam as palavras
No pano branco, sobre o lago.
Cobrem caminhos tacteando
Traços de sombra sobre a Ilha,
Vagos olhos separados
Do rumo. E calam-nos sangues –
Seivas, larvas, ruas - vários
cubanal
a propósito do último artigo de Fidel Castro consultem as informações constantes neste endereço: http://www.payolibre.com/presos.htm
26/03/2008
24/03/2008
alegação
Um cais deserto sob a morte
Me justifica.
A queda brusca de uma história
Antiga,
O deus secreto que a memória
Instila.
Mundo suspenso,
Terno e cruel
Para quem fica.
Pequeno sonho de papel.
23/03/2008
22/03/2008
Mais uma polémica literária estéril: o Agostinho Neto é ou não um poeta medíocre?
Duas respostas: sim, porque foi publicado numa antologia cubana onde estão os melhores do mundo e é o único lusófono lá!!!
não, porque é medíocre e mandou prender e matar muita gente!!!
Nenhum critério literário.
Assim, não vamos a lado nenhum.
Subscrever:
Mensagens (Atom)