Publicação em destaque

Átomos estéticos são também cognitivos

  “Quando vemos algo além de nossas expectativas, pedaços locais de tecido cerebral geram pequenos ‘átomos’ de afeto positivo. A combinação ...

24/04/2025

Nenhuma identidade nacional


ou partidária se define como 'alma' ou 'essência' da pessoa. A pessoa é própria e intransmissível. Além dela, vê-se o mundo. O que somos só nós sabemos (e não de tudo). Eu, por mim, prefiro ser mais o que vejo, mas nunca me dispenso nem me ignoro.


 

15/04/2025

14/04/2025

paraguay barrios llosa


"Popeye Arévalo tinha passado a manhã na praia de Miraflores. Não vale a pena estares a olhar para a escada, diziam-lhe as raparigas do bairro, a Teté não vem, com certeza. E, efectivamente, a Teté nessa manhã não foi tomar banho."

(Mário Vargas Llosa, Conversa na Catedral)



 

10/04/2025

Arte e natureza


"É necessário recomeçar sem fim o testemunho da ocorrência, deixando de ser a ocorrência."
(Lyotard, O Inumano)


 

O concurso espontâneo

das diversas considerações gerais basta para caraterizar o estado sistemático do capitalismo pós-industrial, aliás... 



07/04/2025

Delírios na grande estrada,


incidências arcos íris fragmentos carnavais,
chilreadas de chindembere
- saltitantes, alegres e ligeiras -
em bandos com papo cheio
no regresso dos massangos dali
entre nuvens muito sérias...


 

O relâmpago


não dura um dia


 

26/03/2025

22/03/2025

Camilo Castelo Branco, o amor e o cheiro:


Dizia Camilo Castelo Branco, autor muito lido numa Luanda de amores profícuos e consequentes, que lhe apreciava os sarcasmos e humores rasteiros e certeiros, além de muito bem dispostos: "Autores, embalados no berço da humanidade, falam da mulher, e provam que o amor, se não é mais velho, é pelo menos contemporâneo dos narizes." Um amigo meu, moçambicano, dizia que "o amor é o cheiro." Entretanto Camilo, nas vestes de outro e numa antecipação de Jorge Luís Borges (inventando autores e tradutores), cita Heródoto ao falar nos raptos de mulheres, para concluir que não vale a pena vingar os raptos que, se elas não quisessem, não eram raptadas. E conclui (essa primeira parte da sua crónica) dizendo que as tolices feitas por causa do amor (logo, por causa do cheiro, dos narizes, e do "primeiro casal de bichos"), hão de ser tão velhas que já com nenhuma se consegue ser original. Mesmo com Ana Plácido.

Dito o que, o ficcionista iconoclasta prático se vestiu de "Príncipe, costume bonito e original" e perturbou "a tranquilidade de muitas almas que ainda não acordaram ao arraiar do amor", passando a conseguir "admiráveis conversões de mulheres heréticas na religião do sentimentalismo, com o meu vestido de príncipe, que aluguei por 540 réis."


 

21/03/2025

Postal noturno com chuva


Ao fixar o instante, inscreve-se na imagem uma intemporalidade marcada pela ausência. 


 

17/03/2025

A capela


Cantar a capella, só voz(es). O ritmo cria, mesmo a capella, um percurso, com rumo definido e foco ao fundo. As vozes esculpem relevos de cor, ângulos especiais, portas e janelas. Ao fundo o foco. Isso é comum desde a pré-história: traços indicando um caminho e um destino. Por isso esta espécie de imagem tem sempre sucesso. 
 

Limites em pedra


(semióticas de fronteira, 
longínquas ondulações interiores)

 

15/03/2025

Poema


E há palavras pétreas como conchas
desfazendo-se na areia.
E há pedras que se movem como caranguejos
escondendo-se na areia.
E há quem se desfaça por inspiração
enterrando na areia o verso e a pretensão.

Depois, às vezes bem depois, é que nasce o poema.
Sem dizer nada, sem aviso, quase sem palavras.
Esquecido.