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Átomos estéticos são também cognitivos

  “Quando vemos algo além de nossas expectativas, pedaços locais de tecido cerebral geram pequenos ‘átomos’ de afeto positivo. A combinação ...

20/10/2023

Fica sempre qualquer coisa

de outra que não ficou


 

Ainda rumo à noite

o sol expande a consumação da luz, explosões longínquas cujos trovões não chegam até nós, e 
sobem alto os caminhos abertos que percorreu

(tradução livre, muito livre, de duas frases de Boetius, A Consolação da Filosofia)


 

19/10/2023

Quase



denota interrogação, por etimologia proto-indo-europeia. Pergunta pelo que falta na promessa de ser o que não se chega a perceber mas está próximo de ser e não chega a ser. É, neste aspeto, equiparável à intuição, com a diferença de que a intuição raras vezes interroga. O quase é um convite à pergunta, ao que; a intuição é a abertura de um caminho. Ambos apontam para o que ainda não se percebe de maneira definida.


 

18/10/2023

Límpido e sinuoso,

transparente e insinuante




 

A natureza do homem

é um muxito, mata cerrada junto ao rio, impenetrável quase, onde monos e bugios falam às moças para encantá-las com gritos e gemidos. Há naturezas como letras entalhadas na pedra, naturezas mortas com gritos e sussurros lá dentro, mudos; há naturezas que são como passos nas areias junto à espuma das ondas, frívolas; há naturezas como palavras de água empoleirando-se nas ondas, vivas, mas efémeras e superficiais. Porém o homem, quando acorda e vê é que está na sua natureza. 


 

17/10/2023

Para muitos filósofos,

imaginação e análise opõem-se. Curiosa distinção. Uma não vive sem a outra e muito vive sem análise nem imaginação:


 

Estado da vigília:

O animal vaga ainda num obscuro sonho



 

Teodiceia

"Car il n’y a rien de si agréable que d’aimer ce qui est digne d’amour"


(Leibnitz, falando de Cristo, em Essai de théodicée)

 

16/10/2023

Entretanto o verde...


Afinal a poeira 
Não era só de palavras.
Era o gasto dos passos
Calçando as estradas,
Indícios esparsos
De folhas antigas.
Afinal a cegueira
Dos pequenos nadas,
O vento a levantava
Das folhas caídas.




Canção de roda