Publicação em destaque

Átomos estéticos são também cognitivos

  “Quando vemos algo além de nossas expectativas, pedaços locais de tecido cerebral geram pequenos ‘átomos’ de afeto positivo. A combinação ...

29/04/2023

Poesia de fim de festa

Lembra aquela esquina depois da festa, quando o vento vem de madrugada arrumar os detritos da falsa alegria breve a um canto do mercado onde cantaram quase nus um amor estúpido, estupendo... 
Aquele acumular de redundâncias, outro dia li que era a literatura. Talvez fosse. A poesia parece-me não ser isso.


 

28/04/2023

Caminho de água



 Eram de mar as evidências imponderáveis.
No espelho subtil de aranhas implacáveis,
Como partiste? Inconcluída a estória
Da clepsidra, da flama e da maravilha...

26/04/2023

25/04/2023

Entre nascer e morrer

É a vida. E a vida, sem darmos por isso, fraqueja nos hábitos que nos guardam, no conforto que nos distrai. 
Temos, por exemplo, uma imagem do por-do-sol. É esta, por exemplo ainda. Os tons esses, o astro se deslocando para a linha do horizonte como se fosse (não é?) uma bola em fogo sobre o mar. O hábito nos condiciona, impede-nos de ver. Do outro lado do lago, o sol nasce como se fosse uma bola de fogo sobre o mar e o que parece o por-do-sol é o princípio da jornada. Pelo menos ali, na praia do Casino (Cassino), extremo sul do Brasil. 


 

23/04/2023

Na paz do pasto verde

longe ficaram mundos
onde a única ameaça era
uma, depois outra, depois outra depois...
Longe ficaram mundos.
O boi pacífico olha e confia.


 

22/04/2023

O nascimento de Roma -

"En el día de la festividad de las parilia (21 de abril) Rómulo hizo un surco en la tierra del Lacio con un arado tirado por un buey en la parte exterior y una vaca en la interior, ambos blancos. Siguiendo la tradición, marcó el trazado sagrado de las murallas de Roma."


 

20/04/2023

Campos de luz

 enquanto as ondas enrolam



Pau de giz


Com as sobras de tudo o que aprendi
me tentaram apagar todos os dias


(corte e colagem com dois versos de Carlos Ferreira em meaidade)

 

18/04/2023

Acolher a luz

não com uma pergunta, 
não como uma arma,
não comparando.
Acolher essa luz
recriando a palavra.



 

16/04/2023

Naquele tempo sem contradição


a arte era consciente e vital, imitando os animais e as pedras, instintos irreflexos. A arte
não substituía a vida, conforme o decreto régio.


 

14/04/2023

Depois da rebentação,

a pel da pandeireta
arrasta pés entre breves
gestículos incultos... 
quase vazios sobre
as espumas agitam
Crianças ao sol


 

13/04/2023

Cidade de Rio Grande

 Arde

na cave

da minha precária

eternidade

uma tocha

arde



(Maria de Lourdes Hortas - Romaria: coletânea poética. Rio de Janeiro: Macabéa, 2022, p. 50)


12/04/2023

Geralmente, a calmaria

era total, ou então havia brisas fracas tão variáveis e fugidias que [...] não valia a pena tocar um braço de verga [...]


(de Joseph Conrad - A linha de sombra. Porto Alegre: RBS, 2003, p. 117)

 

10/04/2023

Excerto biográfico:


... cultivou com profundo amor e não menor exigência, genuinamente axial, o commercio das nuvens



 

09/04/2023

Cais de ficar -


Como esquecer estas andanças
se os relógios batiam a mesma hora?


 (Carlos Monteiro Ferreira - Meaidade)

08/04/2023

07/04/2023

Depois da missa,


campos de girassóis desfolhados
onde chegas em rio
teu riso rosa nova
ambiciosa viagem 
pássaros luminosos


 

03/04/2023

Mãe verde

 e regressa outra luz a esta onda de hoje.

Eu conheci o vazio


e ocultei a lua na caixa das palavras.
Afinal a saudade é um tempo de dúvidas
e eu estou prendida a um labirinto verde.

(de Saudade, Iolanda Aldrei, na Palavra Comum)


02/04/2023

01/04/2023

Sabedoria romana

arrumar a gaveta
antes que o inverno chegue


(Maria de Lourdes Hortas, dois versos do poema Geórgicas, em romaria: coletânea poética)