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Átomos estéticos são também cognitivos

  “Quando vemos algo além de nossas expectativas, pedaços locais de tecido cerebral geram pequenos ‘átomos’ de afeto positivo. A combinação ...

22/09/2023

O Nome



Já não sei como vinhas ter comigo.
No milagre da luz que nos gerou
Inventei-o sem margem. Meu castigo
Impediu-me de ver. Quem me cegou? 

As formas ígneas do Oriente
Pensam e lembram, falam, têm rosto,
Sinais para marcar, a quente,
Cem mil demónios soltos;

Tu nos desmentes, rasgas-nos a roupa - 
Cintilações, diversa fera com pasto
Erradio nas mãos tíbias e túrgidas

Por acabado mandamento. Não criaste
O nome verdadeiro no mapeado
Oceano de larvas: exilaste-o.


 

21/09/2023

Uma verdade intuitiva:




"o talento nos seus graus mais eminentes é igualmente prestadio nas quietas cogitações da literatura e da ciência e nas tempestuosas turbações da vida pública"

(Latino Coelho, Elogio Histórico de José Bonifácio de Andrada e Silva. Lisboa: 1877, 1)

18/09/2023

Ó coloridos sons, passae, passae!

- não precisam de ser doloridos, velho Tomás!


 

Árvores ondulatórias

"em certos aspectos, a matéria e as radiações são semelhantes. Quer isto dizer que a matéria deve ter, como as radiações, caracteres ondulatórios e rítmicos. A matéria não está instalada no espaço, indiferente ao tempo"


(Gaston Bachelard sobre Lúcio A. Pinheiro dos Santos em Rodrigo Sobral Cunha - Ritmanálise. Lisboa: in-cm, p. 34 - on-line no sítio da editora)

 

17/09/2023

Recordo Krishnamurti,






Pois, começando pela negação (o que não é inteligência, o que não é compreensão, por aí), chegamos a perceber e realizar o que seja. Pelo método negativo, o mesmo da teologia negativa, chegamos ao positivo. Se, pelo contrário, começamos pela afirmação do que é (mesmo ante de sabermos seja o que for), então só temos dois caminhos: ou fanatizarmos, militarmos, matarmos, agredirmos e morrermos em violência; ou terminar negando, hoje isto, amanhã aquilo, caindo em nova ilusão para a desencantar depois, infindamente.

Por esse motivo, quando pretendemos meditar e saber, pensar e conhecer ou reconhecer, deixar a pele - a sensibilidade - em estado de flor (fina, apurada, sensível como no primeiro toque), a primeira medida é limpar, descondicionarmo-nos. Por isso também, sem nenhuma surpresa para quem medita, a ciência vem comprovando que ficar numa praia deserta, ou quase deserta, olhando o mar e as areias, escutando pássaros, ondas e brisa ou vento, faz muito bem à saúde mental. Ou seja: limpa os sentidos sem deixar de os alimentar. 

Não é nada mítico nem vago, mas algo que os místicos conhecem por experiência. Uma série de reações neurobiológicas, incluindo processos químicos e elétricos muito concretos, aumento de íons negativos, o córtex pré-frontal mais ativo, diminuição de cortisol... Mas é também esse processo básico de limparmos os sentidos - e, por eles, a mente - de ruídos, lixo, resíduos inúteis visuais, sonoros, olfativos, táteis até. Se limpamos o excesso de estímulos estamos, na prática, a exercitar a negação como processo de conhecimento. Não ficamos embotados, sufocados, rombudos e engasgados. E a calma de que se fala quando se fala numa praia deserta ajuda a afastar a disciplina militante do que é e do que não é, do que deve e do que não deve ser, da divisão e do combate. 

Não tenhamos medo. Se até houve um Cristo que morreu e voltou à vida para mostrar que a morte não é irreversível, vamos ter medo? A calma que trazemos do mar responde, naturalmente, espontaneamente e decisivamente às agressões do quotidiano. Desarma-as.

Enquanto não chegamos à praia, podemos olhar essa fotografia🔝.

 

16/09/2023

Segundo Kenneth Nealson, a vida é,


em palavras simples, um fluxo de elétrons. Isso abriga a teoria das cordas - ou, pelo menos, a das vibrações, não pela ciência, não sei, mas pela poesia. Não acham? Funcionam, por acaso, alguns cérebros por vibrações de elétrons de granito ou basalto?