em paradoxo com o seu tempo, a dominância na igreja católica europeia dos séculos XIX e XX foi secular. Entre arrebatamentos, exaltação de sentimentos, misticismo poético, a voz oficial da igreja católica europeia foi um cubo de gelo sobre o fogo das paixões. É com esse cubo de gelo que se oficializa o mito da infalibilidade papal, assente numa dedução muito lógica baseada numa mensagem cuja raiz é meramente espiritual. É com ele que se reúne e delibera no concílio Vaticano II e se realça a 'ação social da igreja', que desde sempre existiu, mas em razão do amor místico. O refrear das paixões é multissecular na história dessa igreja, embora não se veja nos quatro evangelhos mais do que amor e lucidez e exigência crítica do Deus que destrói o Templo e, se quiser, ergue-o em três dias. Expulsar os vendilhões do templo, assim como fez Cristo, é refrear as paixões? Essa igreja secularizada é a razão do seu declínio e das sociedades que em torno dela tinham crescido pelo avesso.
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