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Átomos estéticos são também cognitivos

  “Quando vemos algo além de nossas expectativas, pedaços locais de tecido cerebral geram pequenos ‘átomos’ de afeto positivo. A combinação ...

20/11/2008

excerto

Após o canto luzidio das escravas,

Nuvens que exilam balas

De sol, azul de chumbo e transparências

No pano prenhe que cicia do

Cordame altíssimo da chuva.

Pequenos barcos de fumo,

Assim genuínos, do chão

Vão recolher a tradição

Trovejante na poeira

Do arco tenso em grandiosa voz

Que abriu as cordas insuspeitas.

O sol retoca-nos depois o rosto

Molhado num chão de lama seca e

Arrasta os nossos olhos para o mar

Com doçura. Uma noite amadurece

e a brisa puxa do rasgado bolso

Uma cobra infinita,

Mãe de si própria, o país duplo da verdade.

17/11/2008

benguela sé catedral 2008

identidade e globalização em angola

quem "não é capaz de administrar o seu mercado e preservar os valores da sua identidade, transformando-os em contributo global, fica sem expressão" (José Eduardo dos Santos). Desde sempre este era o caminho a trilhar. Já nos anos 50 Ernesto Lara, filho, alvitrava isso, embora sem os termos globalização e sem a referência ao mercado próprio. A identidade é fluída e negociada a cada momento, mas os seus valores mudam muito mais lentamente (basta ver, por exemplo, os que se mantiveram desde 1950 até hoje). Cabe especialmente aos artistas, às pessoas mais criativas, inventar uma globalização angolana a partir de valores por nós (todos) partilhados. Não sei se alguma equipa governamental poderá fazer isto, mas é uma orientação para os governantes. Também não creio que o actual Ministério da Cultura esteja preparado para dar resposta a este desafio mas, desde que os artistas avancem com a sua arte, as autoridades basta que não criem obstáculos e Angola estará lá, na roda gigante, como já demonstraram alguns (raros) cantores, pintores, dançarinos, escritores.