Naquele tempo, gostávamos de juntar as crianças na casa de Krasnoyarsk, nas margens do majestoso rio Yenissei, mesmo no Inverno, quando as pontes gelavam. As meninas da biblioteca traziam sorridentes livrinhos coloridos para ver ao fogo da lareira, pelas manhãs frias, ou no jardim, quando o calor já derreteu as neves e o sol abria os brilhos das ervas ao resplendor. Algumas vinham das montanhas vizinhas, do parque estadual de Stolby e os olhinhos vivos cintilavam por verem a cidade.
Pela tarde, as raparigas sentavam-se a cruzar os fios dos novelos e a conversar, amenas, enquanto as mais novas liam contos de fadas e tocavam inutilmente nos desenhos das pessoas como se fossem de carne e osso. Uma noite as levámos ao ballet e, por todo o tempo, não disseram uma única palavra, maravilhadas.
Os meninos afastavam-se um pouco para ver os cavalos de Tatysh, ainda resfolegando as fúrias de kirguizes e kazaques. Ao fim do dia gostavam de assistir às danças de Godenko e de ver os mais velhos com bigodes esticados a fumar tabaco escuro no canto dos lábios, enquanto acompanhavam com palmas, excitados, as danças coloridas e rápidas dos pares a quererem também saltar o khorovod. Os olhinhos dos meninos guardavam tudo fascinados. Afinal, iriam ser futuros cossacos.