Na UNITA, nos tempos em que nela me integrei, sempre ouvi dizer que o Agostinho Neto começara, pouco antes de morrer, a tentar a paz com Savimbi e este estava disponível para negociar. Agora o livro do general cubano del Pino dá-nos contornos concretos disso mesmo e parece confirmar que Neto foi mesmo assassinado. O que os russos não conseguiram com o 27 de Maio, conseguiram no ano seguinte, já com a anuência dos cubanos, porque Neto mostrava alguma independência nos seus contactos internacionais e na gestão interna da guerra. Levaram-no, separaram-no do médico pessoal e mataram-no. Eduardo dos Santos, bem mais diplomático, prudente, realista e moderado que Nito Alves, ainda que sem o seu carisma, mas tendo estudado na URSS e tendo mulher soviética, foi o escolhido para suceder a Neto. Hoje ele é outro homem, porém na altura a guerra prolongou-se até o MPLA ser obrigado a fazer a paz, ou tentar, em 1990. Afinal havia rumores certos naquela UNITA.
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