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09/05/2021

Com posição



Mas acham mesmo que houve estandardização do homo sapiens? Isso é uma capa superficial que assenta irregularmente sobre pessoas indiferenciadas. Elas, automatizadas, seguem esquemas mentais fáceis de adaptar quando lhes parecem úteis, mas não ficaram estandardizadas na sua realidade psicológica mais profunda. No concreto, em cada pessoa na sua vida psicológica interior, isso intoxica mais a flor plastificada das nossas peles, é como a poluição das águas que não atinge o fundo onde passa uma corrente mais fresca e transparente por baixo da sujeira bárbara do fim de semana. Daí que surjam, perante o 'normal' estandardizado (seja esse 'normal' o polidamente correto ou o politicamente correto), constantes erupções 'anormais' de selvageria ou de autenticidade, sujeiras bárbaras do fim-de-semana. A distorção imposta pela intoxicação superficial (ou seja: à superfície, visível) gera movimentos contrapolares de desintoxicação profunda. Se essas manifestações não são compreendidas no seu começo, não se abrindo espaço natural para elas; se se tenta fazer os seus sujeitos retornar ao 'normal', então, ou eles retornam doentes ou se afastam dos shopping's e são tratados como estranhos e deixados no seu canto pela estandardização comercial ou política. Aparentemente, algumas pessoas podem parecer modeladas e básicas, mas reservaram seu espaço privado para se expandirem, para serem naturais. Isso ainda é sinal de que não se conseguiu a estandardização do homo sapiens. Nem ideologicamente, nem comercialmente.
Ficam, depois, esses restos aleatórios de conchas e satélites e areias entre as linhas brancas das marés avisando o futuro acerca da impossibilidade normativa.
Uma concha que dá sinal da ausência de eco e por tanto...