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12/02/2011

barroco brasileiro I


Desta vez uma pequena observação. Como facilmente se pode ver, a iluminação inicial da igreja (que frase mística sem querer!) não previa focos, lâmpadas elétricas. O que estava ali, em termos de 'conteúdos' e de jogo de luz, era para rezar, para criar um ambiente espiritual propício à oração, à reunião com Deus. 
Hoje, a distribuição da luz elétrica pela nave incide naturalmente sobre aspetos que o visitante procura mais e que são mesmo mais importantes: os quadros, as figuras centrais da maioria dos quadros, as estátuas, a estátua central - a que sobretudo nos deve atrair para, a partir dela, lermos o templo. 
Mas a iluminação original distribuía a luz de outra maneira, a partir da cúpula aberta e, mais atrás (isso já não se vê nesta fotografia), através das janelas laterais colocadas bem alto (a luz vinha sempre de cima). Seria bom que se retirassem os focos ao interior da igreja e se deixasse o visitante ou o crente perante o efeito pretendido na altura da construção. Experimentei isso no Recife. Os olhos, primeiro, habituam-se à escuridão e depois, pouco a pouco, os rostos dos santos começam a surgir no meio da escuridão, quase falando. É uma sensação mística, de terror e maravilha místicos que raras vezes sentimos na vida.