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30/10/2009
28/10/2009
27/10/2009
adelino torres fim de tarde
Adelino Torres continua a publicação da sua poesia. A segunda coletânea (Histórias do tempo volátil) chegou-me há poucos dias à mão, por gentileza do autor.
No geral contém as mesmas caraterísticas: um arco genológico variado, que vai da lírica pessoal à sátira voltada sobre os políticos e as asneiras do quotidiano em que nos envolvem num futuro duvidoso, passando pela reflexão filosófica moralizante. Os textos em geral curtos e incisivos convocam o leitor para um breve ensinamento (há provérbios em verso também na antologia), para quadros ou alusões de caráter narrativo e também para descrições lapidares. Essas descrições montam imagens visuais que, pelas suas caraterísticas e pela maneira como se nos apresentam, nos deixam em suspenso por um tempo, funcionando a visualidade como ferramenta ou mola da reflexão. É o caso de «fim de tarde»:
No horizonte as jovens nuvens dançavam
A dança da cabra cega
Em torno da grande fogueira
Cujo ardor enchia o céu
Pintado de azul profundo
Iluminando os olhos das crianças
Que brincavam descuidadas
Com a aparência do mundo.
26/10/2009
música urbana luandense
25/10/2009
tropicologia subversiva
Isto é África, amigo, sabe?
Nos trópicos anoitece de repente
Mesmo até às vezes no musseque burity
Quando vêm aquelas trovoadas
Nem sabemos onde nos meter
Aí, percebe, cada homem
É uma ilha, francamente, é uma ilha
E aquelas trovoadas
De borco no chão impuro, lembre-se
A noite cai de repente
Nos trópicos. Como tu, minha princesa.
De repente. Não mais que de repente.