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13/07/2009

à procura do nome


O silêncio monetário maculando
A página aberta ao silêncio
Branco das manhãs radiantes
Que nem lembramos ainda
No canto escuro do quarto mudo,
Pequeno, daquele tempo, José.
Silêncio amargo dos nomes humildes.
Epístolas de água muito quieta no lago morto.
Amargura hermafrodita esmorecendo com os muros
Velhos das casas
Pobres.
Ah! José, servos versos de silêncio no tambor
Do Kudijimbi arrumados a um canto
A dívida amarga maculando os destinos desolados
Casola notas verdes calundús estranhos calundús
Ao longo das estradas sem ninguém ao meio-dia
Das traineiras no silêncio parado a meio da baía do Kambiji
Antes de morrer no cesto.
Silêncio amargo da criança rejeitada,
José, Kalakanga, Kalakanga, Kakalakanga
Mamãs curvadas ao amargo silêncio
Sem cautela das pragas atrevidas
Das solteiras nos óbitos
Conformes ao desprezo, à miséria, ao luxo
Lixo nos olhos de Deus viúvas de vivos
Nomes portugueses, nomes nativos, muito caxipembe
Em silêncio bebido, muito barulho para não ouvir-me
Os silêncios do tambor, kimbombos vadios deixa meu filho
Não conhece, muita kapupa lá em Luanda
Silêncio azedo dos órfãos dos vivos
Mulheres grávidas na fila do paraíso
Da saúde amargo este silêncio
José, também
O velho tambor encostado
Ao canto escuro do silêncio
As peles bambas do velho tambor encostado
Ao silêncio amargo,
José, do silencioso deus dos homens.
É amargo este silêncio de poeira e abandono,
Varrido brutalmente na congestão do tráfego
Vozes sintéticas de máquinas que ladram no abuso
Pneus a chiar inutilmente no vazio
Acrobatas de obras sem tradução
Rápidos a pisar o sabor azedo da fruta podre
No quintal do vizinho, sob o céu limpo
Pragas invejas títulos admirações humilhações mastigadas
No silencioso jindungo da fome:
Esse era o meu nome.