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25/09/2008

a uma árvore



Para ti, cuja sombra
Amorteceu a derrota;
Para ti, a quem Deus
E as entidades permitiram
Ficar de pé no campo dos vencidos;
Para ti, a quem foi dada a graça
De não regressar nem partir
Nunca;
Para ti reservou a Lei
O castigo pior também.
Secarás lentamente com o sol
Nos galhos hirtos e negros,
Hieráticos e ressequidos,
Suplicantes de azul,
Tensos perpetuando-se
Para além de si próprios.

Os que te sentem respirar
Não conseguem dizer nada.
O teu perfil, solitária
Num deserto com o mar
Confundindo-se no azul,
Desafia os séculos de olhar pétreo.
Sem folhas nem sementes,
Não criarás os teus filhos,
Não semearás o ventre
Da terra para ganhar
A penumbra onde a brisa
Refresca a secura eterna
Dos que morreram de pé.