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22/09/2008

hoje

Hoje

Toda a feliz civil idade me entre tece

— Torpor acordoado contra o vento.

Ontem no seu grão predisse a voz:

O zelo assistirá, atento,

À criação do evento

Preso nas teias da lesão do tempo

Que a velha aranha tece

Maduro.

Via-se da pescaria:

Nas redes velhas da traineira

A sorte sombreava a cor.

O paraíso é uma casa sem sustento.

Um movimento sôfrego asfixia

O ar, a clara noite que envelhece.

O lago é a esteira do sedento.

O segredo contém a novidade:

O censo do mundo que, morrendo,

Sustenta a eterna idade.