A imprensa oficial de Angola, muito em particular o Jornal de Angola, continua uma linha editorial parcial relativamente ao principal partido de oposição. No último jornal de Domingo, as notícias sobre a UNITA, duas das quais estão praticamente repetidas num curto espaço de 3 páginas, as notícias sobre a UNITA são, em 90%, contra a UNITA (há apenas uma notícia isenta, curta, nem contra nem a favor), destacando figuras que se tornaram dissidentes e apelaram ao voto no partido maioritário. Se o principal partido de oposição perdeu as eleições ficando só com 10% dos votos, que necessidade tem o Jornal de Angola de continuar a destacar a dissidência da UNITA e a publicar notícias contra a UNITA mais do que neutras ou favoráveis? Isso leva-me a pensar que talvez as acusações de que o MPLA tem o projecto de voltar ao monopartidarismo não sejam infundadas. Não o fará instaurando um regime monopartidário mas sim, sob uma aparência de liberdade, tornando apenas possível a um partido o acesso ao poder. O mandato eleitoral não foi, porém, para isso, foi para continuarem com as obras num sistema livre económica e politicamente.