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01/06/2008

poesia de adelino torres - último verão

Chegou o estio a arrastar

o bafo quente da ira

em desespero de fogo

quando os espíritos do mal

passam rente ao sofrimento

num cosmos desordenado

que enlouquece a verdade

na confusão do sentido,

matando o perfume antigo

do musgo nos muros velhos

e a música que as ervas cantam

ao renascer de manhã

na planície da ausência

onde agoniza a saudade,

estrangulando em silêncio

o que ficou por dizer

por detrás da aparência

que esconde dissimulada

o ardil da violência,

e a palavra não dita

que se usou sem ser usada

deixando pelo caminho

o amargo sabor do nada...