Páginas

Páginas

20/02/2008

Sabu

Por uma casa que não tem portas
Levo a companheira que não se molha. Não me abandona,
Varre o chão todos os dias e guarda a cinza dos meus passos.
Caminhamos com alguém que sai da estrada
Por instantes, desaparece
Debaixo do penacho dos guerreiros vestidos
E volta como os que dormem fora de casa –
Uma pedra só não aguenta –
Resfolegante mas de olhinhos brilhantes
– a marmita.
Caminhamos na felicidade cega dentro da casa
Católica e sem portas que já encontrámos assim, sem olhar muito
Para o risco a dividir a estrada, com a primeira palavra
Gravada para sempre nas nossas veias. Turvamos águas
Para apanhar os peixes, comemos à sombra das largas mangueiras,
Atamos a corda na barriga e prosseguimos como as corças
Parindo longe dos leões, vamos nós mesmos
Pedindo aos nossos ídolos que se abra o caminho,
Que a força do rio não rebente as pontes
E alimente com chuva a terra fresca.
Pedindo pelos filhos com os olhos para cima,
Prosseguindo com os olhos sem filhos por baixo