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09/02/2008

paisagem

Caminhos longos, abertos, pedregosos e argilosos ao mesmo tempo. Caminhos solitários estendidos sobre montes, vales e margens em linhas frontais, que não contornam paisagens ermas, abnegadas, queimadas, expostas ao desabrigo do sol pacientemente, muralhas farinhentas guardando sob o maciço paradoxal os seus tesouros de água. Árvores negras e sem folhas paradas há muitos séculos, expectantes. Para além da morte. O serpentear do asfalto engolido vagarosamente por esta poeira de solidão.
Cada vez chove menos. Como um lagarto perdido na infância, erramos de trilho e mergulhamos nas águas salgadas. Os instantes de alívio azul nos devolvem a morte.